Constantino Reload

Como, algures, numa vida anterior, ficou uma estória por acabar, publico aqui, o primeiro episódio da saga afim de a poder continuar. Se bem me lembra tudo começou assim:

Constantino, assim baptizado pelo seu pai em honra do Brandy, nunca teve uma vida fácil.
Consta que, logo no dia do seu nascimento, as coisas deram para o torto.
Nesse dia, e para não fugir à regra, seu pai chegara a casa, por volta das duas da manhã, nitidamente, embriagado.
Deita-se na cama onde a sua "Maria” já ressonava. Como o álcool não o deixava dormir, resolveu exigir da mulher, aquilo a que, segundo ele, o matrimónio lhe dava direito. Claro está que, a esposa, grávida de nove meses, queria era dormir e não levar com o marido, Etílico de nome e ébrio de estado. Assim, lá deu a desculpa que, sucessivamente, tinha aplicado durante os últimos nove meses: “Deixa-me lá que me dói a barriga. Já me basta o puto para dar cabo de mim.” O marido, embora contrariado, lá se virou para o lado. Poucos minutos depois, roncavam em uníssono.
Por volta das quatro da manhã, Dolores acorda o marido: “Etílico… Rebentaram-me as águas!”Etílico, mais a dormir que acordado, responde: “Não me chates. Há pouco, que eu queria brincadeira, tu, nada e, agora, estás a chatear-me os cornos para quê?”
- “Não estou a brincar!”
- “Olha: nem eu! Ou me deixas dormir ou vamos ter o burro nas couves!”
Dolores, já irritada, grita-lhe: “Porra homem! Rebentaram-me as águas.”
- “Mas não estás a brincar!?”
- “Não…”
Apercebendo-se, finalmente, que o nascimento do seu rebento estava iminente, Etílico salta da cama com tal velocidade que se espatifa, aparatosamente, contra o guarda-fatos. Os vizinhos que, hoje, frequentam a casa, afiançam que, desde desse dia, os Antunes são a única família do bairro a possuir um guarda-fatos com a “tromba do patrão” esculpida na porta.
Com a força do impacto, a mala, que se encontrava por cima do guarda-fatos, já preparada para este mesmo dia, cai-lhe em cima e deixa-o inconsciente por uns, bons, dez minutos.
Quando voltou a si, ainda estatelado entre a cama e guarda-fatos, como lhe doía-a, fortemente, a cabeça, pensou já ter amanhecido e que, mais uma vez, lhe tinha batido a ressaca. Dolores fitava-o fixamente e ele diz-lhe: “Olha: esta noite sonhei que te tinham rebentado as águas!”
- “Não foi um sonho!”
- “Quê!?”
- “Chiça homem! Não foi um sonho! Rebentaram-me mesmo as águas!”
De um pulo Etílico levanta-se atirando pelos ares a mala que ainda jazia sobre ele. Esta, durante o voo forçado, abre-se e um manto de Babygrows, fraldas e camisas de noite cobre todo o quarto.
Etílico, a velocidade supersónica, encarrega-se de atafulhar, novamente, toda a tralha dentro da mala.
Pega na mala e na mulher, coloca ambos no Fiat 127 e partem à, incrível, velocidade de, para aí, uns 80Km/H rumo à maternidade (naquele veículo, isto, redefinia “velocidade excessiva”) .
Chegados à mesma, Dolores deu entrada e Etílico queria por força ficar por lá, ao lado da esposa, pois não queria perder, por nada deste mundo, o nascimento do seu primogénito.
A enfermeira lá o informou de que, aquilo eram coisas que demoravam, e, portanto, podia ir, para casa, descansar.
Etílico voltou então para casa, deitou-se e só acordou por volta do meio-dia.
Uma vez que a enfermeira lhe dissera que “aquilo” ainda demoraria, foi, calmamente, comer uma sandes e, mais importante, beber umas imperiais à tasca da esquina pois, ainda tinha mais que tempo para ir à visita das duas.
À uma e meia da tarde, já era o primeiro na fila. Mal chegaram as duas, abriram-se as portas e lá se dirigiu, apressadamente, ao quarto da futura mamã.
Ao chegar, depara com ela, descontraidamente, deitada na cama. Pensou: “Bem... Estas coisas demoram mesmo! Ainda nem com contracções parece estar.”
Dirige-se então à esposa: “Então Dolores? Estás bem?”
Ela, sem dizer uma palavra mas com o rosto iluminado pela felicidade, puxa os lençóis revelando algo que se assemelhava, vagamente, a um, minúsculo, ser humano.
Etílico pega no miúdo por uma perna, observa-o mais de perto e pergunta: “Mas é uma rapariga!? O médico não tinha dito que era um rapaz!?”
- “Claro que é um rapaz.”
- “Porra!!! Então quem foi o paneleiro que já ofereceu uma boneca ao meu puto?”
Dolores tentou reagir mas já o marido atirara com a, suposta, boneca para bem longe dali. E ainda teve tempo para gritar: “Filho meu não vai brincar com bonecas!”
Constantino, após a queda, desata a chorar compulsivamente. Ao ver isto, Etílico, fica, um pouco, mais calmo e diz: “Pelo menos já vem com pilhas!”
A mãe da criança jura que o, aparente, atraso mental de Constantino se deveu a este “pequeno incidente” embora, o pai, diga que não tem nada a ver. Segundo ele: “Sai é à mãe”. Já os vizinhos dizem que, a sair a alguém, é ao pai.

3 comentários:

Hahaha!! A imaginar coisas destas, admira-te se tomas o comprimido errado!!

9 de agosto de 2007 às 16:34  

Pá, acho uma pena isto ficar inacabado :D

10 de agosto de 2007 às 11:52  

Phoenix:
Concordo. Dá-lhe gás.

10 de agosto de 2007 às 16:11  

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